Inadimplência e Gestão do Microcrédito no Brasil Pós-Pandemia: Uma Análise Empírica com Séries Temporais

Autores

  • Bruno de Oliveira Cruz FGV/IPEA Autor
  • Fernando Afonso Visentin Favaro CEF e EPPG/FGV Autor

Palavras-chave:

Microcrédito, Inadimplência, COVID-19.

Resumo

Este artigo analisa os determinantes da inadimplência no microcrédito brasileiro, investigando como variáveis macroeconômicas e políticas públicas — especialmente durante a pandemia de COVID-19 — influenciaram sua dinâmica. Utilizando dados de janeiro de 2014 a julho de 2024, aplicaram-se modelos de séries temporais (ARIMA e VAR) para avaliar os efeitos da taxa Selic, desemprego e expansão do crédito. Os resultados revelam que a resposta à pandemia provocou uma quebra estrutural, elevando a inadimplência devido à combinação de políticas expansionistas e choques econômicos. A modelagem VAR (com duas defasagens) mostrou que a Selic impacta negativamente a inadimplência no curto prazo, mas positivamente no médio prazo, enquanto o aumento do saldo de microcrédito correlaciona-se com maior risco de inadimplência após dois meses. A decomposição da variância confirmou a persistência do fenômeno, com 80% da variação explicada por defasagens passadas. Conclui-se que, embora o sistema regulatório brasileiro mantenha a inadimplência em patamares baixos, a reposta a pandemia com afrouxamento ao arcabouço regulatório traz um sinal de alerta para equilibrar inclusão financeira, higidez da linha de crédito e sustentabilidade. Recomenda-se maior monitoramento dos prazos de inadimplência e ajustes regulatórios dinâmicos para mitigar riscos em cenários futuros.

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Publicado

2025-04-26