Cidadania passiva: um critério de negação da inclusão social dos indígenas em Angola no contexto do Estado Novo português (1933-1974)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61541/g73w8q95

Palavras-chave:

Angola. Cidadania passiva. Estado Novo português.

Resumo

Este artigo trata de compreender a cidadania dos povos indígenas de Angola no Estado Novo português entre 1933-1974. O objectivo principal desta pesquisa, realizada numa abordagem filosófica de relação interdisciplinar e de análise de contradições, é o de mostrar como se desenvolveu a cidadania passiva em Angola  no contexto colonial do Estado Novo português, analisando as razões que concorreram para que determinados discursos de âmbito político, jurídico e ideológico tenham sido um critério de negação da inclusão social dos indígenas angolanos. Os métodos utilizados foram a análise genética, e a familiar analogia com os métodos hermenêutico e fenomenológico, associada a uma pesquisa teórica qualitativa de cunho bibliográfico que torna reveladora a representação estruturada da problemática da cidadania no contexto em causa. Os resultados obtidos, por meio da análise de teorias, modelos e outras fontes de informação, determinam a validade desses instrumentos ao indicar pontos críticos coincidentes com a confirmação que remete para a vigência, no Estado Novo, de categorias sociais e políticas consubstanciadas na "cidadania passiva", cujo conteúdo assenta na missão civilizacional como critério de inclusão social dos indígenas angolanos.

Biografia do Autor

  • Jesus António Tomé, Universidade Agostinho Neto

    Jesus António Tomé (Jesus A. Tomé) é natural de Libolo, Cuanza Sul, Angola. É licenciado em Ciências da Educação, Opção Ensino da Filosofia (2001), pelo Instituto Superior de Ciências da Educação da Universidade Agostinho Neto (Luanda, Angola), Mestre (2026) e Doutor (2021) pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal).

    É Professor Auxiliar de Ética e de Filosofia Política e Social na Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, desde 2011. Tem como linhas de investigação/pesquisa o direito natural moderno, liberdade, cidadania e ética animal e ambiental. Tens diversos artigos publicados nesses e noutros domínios similares ou equiparados. Foi Director dos Serviços Académicos da Reitoria da Universidade Agostinho Neto (2007-2017) e Director do Instituto Confúcio desta universidade (2014-2017). Actualmente, desempenha as funções de Director Geral do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior (2017-presente).

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Publicado

15-04-2025

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Como Citar

Cidadania passiva: um critério de negação da inclusão social dos indígenas em Angola no contexto do Estado Novo português (1933-1974). (2025). Revista De Direito - Trabalho, Sociedade E Cidadania, 17(17), e172024204. https://doi.org/10.61541/g73w8q95

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