A mulher negra brasileira e a invisibilidade do trabalho doméstico escravo

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.61541/ze0qpf66

Mots-clés :

Trabalho doméstico, Gênero, Racialidade, Democracia Racial, Escravidão

Résumé

É perceptível que diante da pirâmide social brasileira as mulheres negras são o grupo que mais sofre os impactos sociais ocasionados por uma estrutura de poder que é patriarcal, elitista, machista, misógina, racista e que atua na perspectiva de manter em curso as desigualdades sociais, de gênero e, principalmente, racial. O presente estudo tem por objetivo desenvolver o debate que envolve as especificidades peculiares de mulheres trabalhadoras domésticas em situação de escravização, por meio de uma pesquisa exploratória de caráter bibliográfico, focalizadas nas produções de Lélia Gonzalez, Juliana Teixeira e Beatriz Nascimento. Evoca-se aspectos históricos da escravidão no Brasil para ilustrar a situação da população negra e, especialmente, da mulher negra, enquanto aborda, também, a atualização destes mecanismos, trazendo casos recentes de trabalhadoras domésticas que traduzem como o mito da democracia racial, com as raízes históricas fincadas em diversas expressões de servidão, escravidão e colonialismo, está intimamente ligado ao trabalho doméstico escravo no Brasil.

Biographies de l'auteur

  • Giovanna Cabral Felipe Bandeira, Universidade Federal do Pará

    Advogada, mestranda em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Pará (PPGD-UFPA) e possui graduação em Direito pelo Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Membro da Clínica de Direitos Humanos do CESUPA e do grupo de pesquisa Hermenêutica dos Direitos Fundamentais no Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos (CNPq). Pesquisadora na área de Direitos Humanos, Políticas Públicas e Relações Étnico-Raciais.

  • Heitor Moreira Lurine Guimarães, Universidade Estadual de Campinas

    Bacharel em Direito com Láurea Acadêmica pela Universidade Federal do Pará (2022). Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Bolsista do Programa de Estágio Docente da Unicamp. Foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (CAPES - 03/24 a 07/24). Foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFPA (PIBIC-UFPA). Vencedor do prêmio Horácio Schneider - Destaque de Iniciação Científica da UFPA em 2021 na área de Ciêncas Humanas. Tem interesse por Filosofia do Direito, Filosofia Política, Teoria Crítica e Teoria Racial Crítica. Experiência com traduções de textos de Teoria Racial Crítica de inglês para português. Experiência com organização de eventos. Atuou como Educador Popular na Rede Emancipa de Cursinhos Populares em Belém/PA, na condição de professor voluntário de Filosofia, unidade Belém, de 2022 a 2023 (trabalho voluntário)

  • Sandra Moreira Martins Lurine Guimarães, Universidade Federal do Pará

    Professora da faculdade de direito e do programa de Pós-graduação em direito do instituto de ciencias jurídicas da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora da clínica de combate ao trabalho escravo da universidade federal do Pará.

Références

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2025-04-22

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A mulher negra brasileira e a invisibilidade do trabalho doméstico escravo. (2025). Revista De Direito - Trabalho, Sociedade E Cidadania, 17(17), e172024205. https://doi.org/10.61541/ze0qpf66

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